sábado, 27 de maio de 2017

O FADA DOS DENTES


Ontem minha filha perdeu o seu primeiro dentinho. Lá foi ela  escrever uma cartinha para a fada dos dentes e deixar debaixo do travesseiro.

A noite, minha esposa imprimiu uma linda cartinha de agradecimento da internet e colocou debaixo do travesseiro junto com três moedas do meu cofrinho (humf), tinha até um esquema com todos os dentes para marcar quando caírem.

Pela manhã minha filha acordou bem cedo, mais do que minha esposa gostaria, e foi pulando na nossa cama pra mostrar e ler a cartinha.

Como é linda a inocência da infância.

Agora, o que eu não compreendo é como podem adultos acreditarem no fada dos dentes e suas histórias fantasiosas. Sim estou falando de deus.
Acompanhando o crescimento de minha filha e suas fantasias de infância e como ela acredita tão piamente nessas fantasias fica mais claro em minha mente a inexistência de um ser mágico que escuta nossos pensamentos e que vem ao nosso socorro em momentos difíceis. Ou ainda pior, dotado de raiva, inveja e fúria contra seus “filhos”.

É fácil entender porque minha filha acredita na fada dos dentes, além de sua inocência infantil, e a natural e desejável imaginação de criança, minha esposa e eu providenciamos todo tipo de evidências para sua existência. Falamos da fada quando o dente começou a ficar mole, incentivamos quando vimos a cartinha que minha filha escreveu e até respondemos a carta e colocamos as três moedas! Que mais evidências uma criança de 6 anos precisa?

Pois é.

Traçando um paralelo com a crença, lhes pergunto adultos:

Quais são as crenças que vocês se esforçam em acreditar e que lhes foram imputadas por outros enquanto vocês ainda não tinham discernimento para entender melhor? 

Quais são as evidências hoje, que se colocadas sob uma análise clara e honesta não se sustentam?

Eu me fiz essas e muitas outras perguntas.

Hoje tenho clareza suficiente para entender de onde vem tantas de nossas crenças, medos e esperanças.

Não é nada mais do que um construto social nos passado de geração em geração e que de certa forma atende nossas necessidades emocionais e sociais.


Assim como a fada dos dentes. 

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