Ontem minha filha perdeu o seu primeiro dentinho. Lá foi
ela escrever uma cartinha para a fada
dos dentes e deixar debaixo do travesseiro.
A noite, minha esposa imprimiu uma linda cartinha de agradecimento
da internet e colocou debaixo do travesseiro junto com três moedas do meu
cofrinho (humf), tinha até um esquema com todos os dentes para marcar quando caírem.
Pela manhã minha filha acordou bem cedo, mais do que minha
esposa gostaria, e foi pulando na nossa cama pra mostrar e ler a cartinha.
Como é linda a inocência da infância.
Agora, o que eu não compreendo é como podem adultos
acreditarem no fada dos dentes e suas histórias fantasiosas. Sim estou falando
de deus.
Acompanhando o crescimento de minha filha e suas fantasias de
infância e como ela acredita tão piamente nessas fantasias fica mais claro em
minha mente a inexistência de um ser mágico que escuta nossos pensamentos e que
vem ao nosso socorro em momentos difíceis. Ou ainda pior, dotado de raiva,
inveja e fúria contra seus “filhos”.
É fácil entender porque minha filha acredita na fada dos
dentes, além de sua inocência infantil, e a natural e desejável imaginação de
criança, minha esposa e eu providenciamos todo tipo de evidências para sua
existência. Falamos da fada quando o dente começou a ficar mole, incentivamos
quando vimos a cartinha que minha filha escreveu e até respondemos a carta e
colocamos as três moedas! Que mais evidências uma criança de 6 anos precisa?
Pois é.
Traçando um paralelo com a crença, lhes pergunto adultos:
Quais são as crenças que vocês se esforçam em acreditar e que
lhes foram imputadas por outros enquanto vocês ainda não tinham discernimento
para entender melhor?
Quais são as evidências hoje, que se colocadas sob uma
análise clara e honesta não se sustentam?
Eu me fiz essas e muitas outras perguntas.
Hoje tenho clareza suficiente para entender de onde vem
tantas de nossas crenças, medos e esperanças.
Não é nada mais do que um construto social nos passado de
geração em geração e que de certa forma atende nossas necessidades emocionais e
sociais.
Assim como a fada dos dentes.
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